sexta-feira, 1 de abril de 2016

Contos - O lírio e a cegonha



Dos sofrimentos por que passa a criatura, as dores da alma são superlativas às do corpo.
A perda de seres queridos, por exemplo: em que farmácia haveria um remédio para eliminar a saudade da alma daquele que aqui ficou?
Anos e anos a lembrança não se apaga, eis que tal dor é chama inextinguível.
Há um bálsamo consolador: a compreensão das vidas múltiplas, que já favorece aos espíritas.  Exige, apenas, para fazer efeito, sinceridade na sua aceitação, quando então surge anestesia à suprema dor da perda do convívio terrestre com entes amados.
Outra dor da alma: o desterro (outra perda da convivência com seres amados).
Quase todas as criaturas humanas julgam-se desterradas: seja de bens materiais, de melhores condições profissionais, ou mesmo de benesses espirituais.
Ainda uma vez mais o Espiritismo autoriza que parte da cortina seja entreaberta e coisas do outro lado sejam vistas e analisadas.  Vê-se então, que se está no lugar certo, isto é, “na rua dos seus pecados e no quarteirão do seu merecimento”...
Sim: não há um único exilado, em toda a história terrena, e em todas as áreas da atividade humana, que não tenha sido beneficiado com notícias da sua pátria distante, quanto saudosa.
Até mesmo as cidadezinhas mais longínquas recebem as novas das capitais, ou pelos meios de comunicação, ou por viajantes visitantes.

Há dois mil anos um obscuro e distante núcleo cósmico, habitado, chamado Terra, recebeu a fulgurante visita de um viajante que, vindo por certo de lugar muito mais evoluído, levou-lhes, aos habitantes que ali se julgavam em desterro, notícias de um mundo maior, de um mundo melhor.
Ensinou a todos qual condução tomar para chegar nesse outro lugar.
Antes de voltar deixou todos espantados e surpresos, quando, num exemplo de humildade, único e ainda não superado, lavou os pés daqueles que mais de perto o seguiam.

Sejamos como o lírio: causemos admiração à matreira cegonha que muito alto o sobrevoa.  Mas a cujo alvor ainda não atingiu, surpreendentemente advindo dos locais poluídos e venenosos, dos pantanais que alimentam suas pétalas, que se abrem todos os dias para o esplendor do céu, lá nas alturas...
Se somos vítimas de dificuldades a nos rodear, vamos alçar vôo, em Espírito  e pensamento construtivo, ajudando uns aos outros.

Talvez, daqui a muito tempo, quem sabe, mas não importa, possamos também, com autêntica sinceridade e propósito, lavar os pés daqueles que os tenham na lama. Com isso, ajudando-os a se livrarem das impurezas rasteiras das más tendências, veremos que esses irmãos têm no seu íntimo, algo com maior alvura ainda do que o mais alvo dos lírios: o Espírito imortal — criação divina!

(Mensagem do Espírito Jairo, psicografia do médium E.Kühl, livro "Âncoras de Luz", 2003, LEB, Bagé/RS - edição esgotada)


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