quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Entrevista - Guerras


(Perguntas de um leitor sobre meu livro “Fragmentos da História sob a ótica espírita”)
- Junho.2008 –

1 – Já sabemos que o Espiritismo tem explicações para a ocorrência das guerras, e Kardec se referiu ao assunto. No livro Nosso Lar também existe referência aos preparativos para aqueles que desencarnassem em função da II Guerra Mundial.
O que exatamente é dito sobre a guerra em O Livro dos Espíritos? Como devemos entender esses momentos de conflito envolvendo tamanha quantidade de pessoas?
R: Com efeito, o "O Livro dos Espíritos" trata amplamente da guerra :questões nr. 542a548;671;738;742a744;747a749 e 1009. Isso não é difícil de compreender, eis que Kardec, francês, conhecendo bem a história do seu país, bem sabia o quanto a França já havia, até aqueles dias, participado de guerras... e certamente participaria de outras no futuro, o que realmente aconteceu. Essas tragédias acontecem no panorama terrestre envolvendo milhares e até milhões de pessoas porque nós ainda somos espíritos em árduo processo de crescimento moral, trazendo no íntimo muito do instinto dominador, que se impõe sempre pela força, esse decorrente do instinto animal que ainda sobrevive em nosso subconsciente.

2 – Do ponto de vista do Espiritismo, que tipo de situação dá origem a uma guerra? Diz-se que os orientadores espirituais esclarecem que Deus permite que a guerra ocorra para propiciar uma evolução mais rápida. Como isso ocorre?
R: Respondendo às perguntas de Kardec, os Espíritos o esclareceram (e a nós espíritas também) que as guerras se ferem sempre nos dois planos da vida: no espiritual e no material; antes do primeiro tiro ser disparado, espíritos desencarnados que se comprazem na discórdia e na destruição, sintonizados com homens déspotas e povos ambiciosos, incensam — por ação mental obsessiva que a sintonia entre eles se estabelece — mais e mais conquistas, transbordando paixões.

3 – Também queremos discutir o que, de fato, ocorre com as pessoas que desencarnam durante uma guerra, observando determinadas seguintes situações. Por exemplo, uma pessoa convocada a lutar numa guerra em que seu país e, portanto, sua própria família está sendo ameaçada, e que mata seus "inimigos" nesse conflito: qual sua situação após o desencarne? Para onde ela vai e o que acontece com ela? Como se dará sua reencarnação?
R: O cidadão convocado pela pátria à guerra e que morre no campo de batalha não leva para o plano espiritual o estigma de assassino pelas eventuais mortes que tenha provocado, principalmente em defesa de si mesmo, além da sua nação e, de forma indireta, da própria família. Esse espírito será acolhido por equipes espirituais socorristas, que o internarão em colônias para refazimento; ali, receberá esclarecimentos da Lei Divina de Justiça: ao morrer, certamente quitou dívida que lhe pesava no passivo de existências pretéritas. Consciente da bondade de Deus, requisitará reencarnar e provavelmente logo será atendido.

4 – Que pessoas iriam para o Umbral, no caso de uma guerra, e em que condições?
R: As esferas espirituais umbralinas, onde há sofrimento e purgação, seriam o endereço dos combatentes que tenham feito do ensejo da guerra uma ocasião para cometer todo tipo de atrocidades, equivocadamente convencidos de que agiam por patriotismo e por isso mesmo sob o manto da lei e da ordem. Numa guerra, nunca será demais relembrar que só se isentará de culpa aquele que, cumprindo dispositivos institucionais da sua nacionalidade, tenha agido em legítima defesa: podendo poupar a vida do inimigo, jamais deixará de fazê-lo.
      OBS: A propósito, tive oportunidade de conversar com brasileiros que participaram da II Guerra (1939-1945), nos campos de batalha na Itália. Disseram-me que os brasileiros realizaram prisões de inimigos e respeitavam a integridade física deles, havendo até casos de lhes fornecer, da sua cota individual, alimento, remédio e agasalho, principalmente quando feridos. Por incrível que possa parecer, contaram que houve caso de inimigos até pedirem para serem aprisionados por brasileiros, mas só por brasileiros, pois "os outros não perdoavam...".

5 – Existe como dizer que os governantes, que dão origem às guerras, são "mais responsáveis" diante da espiritualidade do que as pessoas que apertam o gatilho? Como a pessoa pode evitar uma guerra, ou evitar matar numa guerra?
R: O líder é sempre mais responsável do que os seus liderados que conscientemente o apoiem, assim estabelecendo formidável energético para a ação intentada. Guerra, no caso. Vários exemplos históricos registram grandes líderes arrastando multidões para conquistas, pela força. Põem a descoberto, tais líderes, serem dotados de intenso magnetismo, usado equivocadamente. Nesse caso, na contabilidade celestial, seu grau de culpa será evidentemente majoritário.
Uma pessoa sozinha não poderá evitar uma guerra entre nações, contudo, poderá e deverá decretar a paz na sua vida, no lar, no trabalho e junto aos demais, com isso promovendo a fraternidade pessoal, que somada a de outros que assim procedam, redundará na paz coletiva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário