segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Estudo - O suicídio: solução equivocada

O DESVALOR À VIDA
     E A "SOLUÇÃO" PELO SUICÍDIO

 
 
 Histórico
 - Todas as civilizações ocuparam-se em estudar o suicídio, isso porque em todas elas ele ocorreu e vem ocorrendo, desde os tempos antigos. Exemplos:
          Licurgo (dos séc. IX e VIII a.C.) - legislador de Esparta/Grécia, se deixou morrer de fome
          Cleópatra e Antônio (ano 30 a.C.) - rainha do Egito e nobre romano
          Judas, dito Iscariotes - (ano 33 d.C.) - Apóstolo de Jesus
          Pôncio Pilatos (ano 39 d.C.) - governador romano
          Adolf Hitler e Eva Braun - (1945) - ditador nazista e sua amante
          Getúlio Vargas - (1954) - Presidente do Brasil.
- A moderna Psicologia considera difícil determinar as causas da maioria dos suicídios, podendo apenas explicitar vertentes dos casos de crises agudas, delirantes, ou flagrantes de ruina. Assim, evitá-lo com plena consciência, ou convencer outrem a não cometê-lo, nem sempre é tarefa fácil. Não obstante, existem Entidades filantrópicas voltadas exclusivamente para isso.
- Já o Espiritismo, porém, radiografa integralmente o suicídio, ampliando substancialmente o tema, propiciando reflexões úteis, não só para os suicidas em potencial, como também para todos aqueles que caridosamente queiram e possam ajudá-los, com argumentos racionais, impeditivos de tão equivocada "solução". Para tanto:
1° - torna visíveis as nubladas causas que o cercam (reflexos de vidas passadas, distanciamento do Evangelho, desconhecimento da reencarnação, etc.);
2°- apresenta meios seguros de defesa contra tão grande anomalia espiritual;
3°- sugere a solidariedade para com aquele que sinaliza o desejo de se matar, através de ensinamentos espirituais convincentes;
4° - de forma racional, lógica, esclarece o que é e adverte sobre os riscos do quase sempre ignorado "suicídio indireto", aquele que é cometido sem intenção, mas com inteira responsabilidade de quem o pratica (vícios, intemperança e excessos de toda natureza).

O suicídio presente nas diversas atividades humanas
 Na Literatura
Justamente onde não deveria ocorrer, surgem poderosas induções ao suicídio...  Exemplos:
- Johan Wolfang von Göethe (1749-1832), aclamado e erudito escritor alemão, escreveu, dentre outros, Sofrimentos do jovem Werther, no qual retratou sua frustrada experiência amorosa. Resultado: a leitura desencadeou uma série tal de suicídios, que reedições chegaram a ser proibidas.
- Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão (do pessimismo), pregava (!?) que "o querer-viver é a raiz de todos os males, de todo o sofrimento"; aduzindo que "todos os preceitos da moral, resumem-se num só: destruir em nós, por todos os meios, a vontade de viver".
                    O filósofo, ele próprio, morreu de velhice...
- Léon Tolstói (1828-1910), escritor russo, escrevendo sobre a desilusão do amor, lançou o famosíssimo romance Anna Karênina, onde a heroína, ao final de um amor frustrado, suicida-se. Em outros escritos seus, encerrou os dramas íntimos dos personagens com suicídios impressionantes. Resultado: incontáveis pessoas, na maioria jovens com frustrações amorosas, também suicidaram, induzidas pelo equivocado desfecho,bastas vezes sugerido por esse autor
Na Espiritualidade, Tolstói, percebendo o monumental erro cometido e sentindo-se co-responsável por tantos suicídios, solicitou ao Plano Maior a oportunidade de redimir-se, daí surgindo o livro Sublimação, psicografado por Yvonne do Amaral Pereira, edição da F.E.B.
- Aurore Dupin, conhecida como George Sand (1804-1876), escritora francesa que usava trajes masculinos, famosa por suas ligações amorosas com Chopin, é autora do romance erótico Indiana, indutor de pessoas ao suicídio.
No Teatro
A famosa tragédia de Shakespeare "Romeu e Julieta", escrita em 1594, culmina com o suicídio do casal, diante da proibição de seu relacionamento amoroso, por serem de famílias rivais.
Na Ópera
Tosca e Madame Butterfly, ambas de Puccini, terminam com suicídio de personagens.
No Patriotismo
- No Japão: os chamados kamikazes (pilotos-suicidas, de avião com explosivos, que se atiravam sobre navios inimigos, na II Guerra Mundial), eram cultuados como heróis, imaginando, eles próprios, que renasceriam em glórias.
- Em 1944, após malograda tentativa contra a vida de Hitler, o marechal-de-campo alemão Erwin Hohannes Eugen Rommel (1891-1944) cometeu suicídio, forçado, para salvar a família.
Na Religião
Nem do ambiente religioso o suicídio esteve ausente. Por fascinação. E coletivo. Vejamos:
. 1978 - Guiana - 912 suicídios (bebida com cianu­reto), induzidos pelo Pastor norte-americano "Jim Jo­nes", líder da seita "Templo do Povo";
.  1987 - Coréia do Sul - 32 mortos (ingeriram ve­neno), estando entre os mortos uma mulher de 48 anos, fundadora de uma seita religiosa;
.  1990 - México -  12 crianças foram sacrificadas (ingestão de álcool industrial); no local havia panfle­tos de uma seita denominada "Templo do Meio-dia";
.  1993 - Vietnã - 53 vítimas (suicídio coletivo, a tiros), liderados pelo cego Ca Van Liem
.  1993 - EUA (Texas) - depois de 15 dias de cerco policial, 81 fanáticos seguidores do Ramo Davidi­ano — uma nova seita religiosa — preferiram morrer na sua sede, que incendiaram, a entregarem-se às autoridades norte-americanas, quando receberam ordem de desocupá-la.
      O fato, pela sua dramaticidade e desfecho, causou comoção mundial, deixando atônitas as próprias autoridades norte-americanas.  Alguns dias antes, quatro policiais que tentavam investigar o local foram mortos ali;
.  1994 - Suíça - Seita "Ordem do Templo do Sol" - 48 vítimas (suicídio aparente - com incêndios em duas localidades distantes 160 km uma da outra), estando pre­sumivelmente entre elas o líder, um médico de 47 anos;
Nas Tradições Culturais
- No Japão, há registros de suicídios, por adolescentes, motivados por insucessos escolares.
- Ainda no Japão: o suicídio (haraquiri — morrer com corte no ventre) esteve sempre presente na cultura dos nobres feudais e dos samurais, sob o argumento "questões de honra";
- Aqui mesmo, no Brasil, vários são os casos de suicídio de índios, deprimidos ante a perda de seus costumes, motivada pelas transformações decorrentes do avanço da moderna civilização.
  
"Causas primárias" e "Causas secundárias" do suicídio
Separadas ou juntas, tais causas resultam na depressão — tristeza profunda e prolongada —(doença que sempre acometeu o homem), atualmente cognominada de doença do século.
E da depressão ao suicídio... um passo.
É fato comprovado que a maioria dos suicidas, senão todos, deram e dão "sinais indiretos" — avisos —, de que pretendem se matar. Captar tais sinais nas pessoas à sua volta e envidar todos os esforços para que isso não aconteça, esse o dever cristão que se impõe a todos.
É fato também que nem todas as pessoas que são atingidas por crises ou que apresentam tais sinais, irão sequer pensar no suicídio, tentando, isto sim, soluções racionais para os problemas.
A seguir, eis alguns desses sinais, que podem levar algumas pessoas a desvalorizar a vida:
          a. Causas primárias - que podem ser consideradas indutoras ao suicídio:
- Decepções / Frustrações : diante de perdas (amorosas, profissionais, familiares)
- Dificuldades financeiras (endividamento-insolvência / crises inopinadas no mercado, etc.)
- Desemprego (perda abrupta ou continuada)
- Solidão / Tédio : ausência de objetivos existenciais
- Doenças graves : busca de "ida" para um lugar sem dor
- Vícios : alcoolismo / toxicomania / jogar compulsivamente, com perdas irreparáveis
- Neuroses : auto-piedade exacerbada do tipo : "todo mundo está contra mim"
- Psicoses : suicídio, como vingança, para fazer sofrer alguém ("os que ficam")
- Receio manifesto de ser preso, após ter cometido delitos graves
- Materialismo acentuado : desconhecimento da imortalidade do Espírito
          b. Causas secundárias -  manifestas por diversos sintomas, tais como:
- Queda de produção do trabalho ou do rendimento escolar
- Mudanças súbitas de comportamento e/ou de personalidade
- Descuidos com: compromissos / horários / a aparência física, etc.
- Sinais de (auto)mutilação
- Choro  ou risos inexplicáveis / falta  ou excesso de apetite / sonolência ou insônia
- Uso de álcool e/ou de drogas ilegais ou mesmo uso exagerado de remédios
- Distanciamento de amigos e familiares
- Frases do tipo: "não agüento mais viver assim";  "...prefiro morrer";  "essa vida é uma droga".

Antídoto contra o suicídio
Três são os poderosos antídotos contra o suicídio:
1° - Amizade: oferta solidária de ajuda, feita por aquele que perceber o estado alterado de pessoa do seu relacionamento (apresentando depressão), com ou sem histórico de suicidomania;
2°- Calor humano : acompanhamento desinteressado, sincero e fraternal durante a crise desse alguém, mostrando a ele que não está sozinho, que pode contar com seu apoio incondicional;
3°- Espiritualização: o mais eficaz de todos os antídotos.
     Compreende, basicamente, a exposição da visão espírita da existência de todos nós:
          - O homem não é apenas o corpo físico: o verdadeiro ser é o Espírito, imortal!
          - O Espírito é criado "simples e ignorante" por Deus, para progredir e ser feliz
          - O Espírito evolui através de várias vidas (reencarnação)
          - A Justiça Divina faz com que todos sejam iguais - deveres e direitos
          - A Lei de Ação e Reação, que expressa a Justiça Divina, faz com que "a cada um, seja dado segundo suas obras", isto é, tudo o que nos envolve ou nos alcança é fruto que estamos colhendo, de nossas próprias pretéritas plantações
          - Berço e túmulo — nascimento e morte — são episódios inúmeras vezes repetidos pelo Espírito imortal, na senda do progresso moral, consubstanciada na Lei Divina de Evolução
- O afastamento do Amor a Deus, sobre todas as coisas, e a falta de amor ao próximo como a si mesmo, trazem dificuldades vivenciais, gerando débitos conscienciais, que cedo ou tarde terão que ser resgatados; as vidas múltiplas ensejam tal resgate, que manifestam-se ora por expiações (sofrimentos), ora por provações (testes de comportamento moral)
- A Vida é sublime oportunidade de crescimento, através de aprendizados
- A prática desses aprendizados nos proporcionará paz ou sofrimentos, conforme exercitemos o Bem ou o Mal, respectivamente
- Sofrimentos são resultantes de nossos erros, geratrizes de débitos, que também nós próprios, cedo ou tarde, iremos pedir a Deus a oportunidade de resgatá-los
- O Amor de Deus é tanto que Ele nos concederá tantas oportunidades quantas sejam necessárias; tais oportunidades se manifestarão na proporção direta do merecimento alcançado através do arrependimento sincero e da vontade inabalável de reconstrução moral
 - O suicídio, como busca de solução para qualquer crise ou problema, é o mais equivocado dos caminhos, eis que, longe de resolvê-los, na verdade aumenta-os devastadoramente
- Testemunhos de Espíritos que suicidaram demonstram que seus problemas permaneceram "do lado de lá", aliás, com gravames quase que insuportáveis
- A tendência atual para o suicídio, em muitos casos, refletem atavismo (a pessoa já o terá cometido em vidas passadas e agora surge a tendência a essa anomalia comportamental)
- Há sempre a possibilidade de influências obsessivas, induzindo/incentivando o suicídio
- O Tempo — para quaisquer problemas — é bênção máxima, capaz de resolver, a contento, todos eles. Jamais houve um único problema que o Tempo não resolvesse!
- A confiança no Amor de Deus e na Caridade de Jesus, expressa pela fé, em oração, é o mais eficaz meio de administrar a crise, por mais trágica que ela possa parecer.
- Leituras a serem sugeridas àqueles que tentaram ou pensam no suicídio:
a. "O Céu e o Inferno", de Allan Kardec (2ª Parte - Exemplos, Cap V - Suicidas), registrando os depoimentos pungentes de 9 (nove) Espíritos suicidas; 
b. "Memórias de um Suicida", do Espírito C.C.Branco, psicografia de Yvonne do Amaral Pereira, edição da Federação Espírita Brasileira.
c. "Viver Ainda é a Melhor Saída", de Jacob Melo, Edit. Mnêmio Túlio.


 RIBEIRÃO PRETO/SP  -  Em 29 de Julho de 2000  -  Eurípedes Kühl

2 comentários:

  1. Brilhante pesquisa e excelente artigo, irmão Eurípedes. Vou compartilhá-lo. Abraços.

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  2. Parabéns, irmão. Reli seu texto e reapreciei-o com gosto.

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