segunda-feira, 27 de julho de 2015

Conto - A mangueira


Um solitário andarilho jornadeava pelas estradas do mundo, sem destino almejado: sua sina era apenas a de caminhar.   Dificilmente retornava a uma estrada em que já houvesse anteriormente palmilhado: ia sempre para o Sul.
Numa tarde de sol escaldante, como tantas outras, caminhando já com grande cansaço, com fome e sede, passou por ele um caminhão, em alta velocidade e quase o tirou da margem da estrada, pela ação do deslocamento do ar, face a velocidade imprimida ao veículo.
Porém, algo de interessante, conquanto rotineiro, aconteceu: do alto do caminhão uma manga saltou da caixa de embalagem e veio ter aos pés do andarilho.
O caminhão seguiu à frente e logo desapareceu na estrada...
O homem, mal acreditando no feliz acontecimento, apanhou a manga, saudável, madura, de muito apetitoso parecer.  Por muito tempo, quase uma hora, embevecido com aquele tesouro em suas mãos, vacilou;  mas seu corpo falou mais alto e, não muito decidido, eis que a fruta lhe constituiu alimento.
Guardou o caroço.
Com ele viajou ainda muitos tempos, expondo-o ao Sol.
Num dia, antes que aquela grande semente ressecasse, cuidadosamente plantou-a num sítio retirado da estrada.  Com os recursos de que dispunha, tratou daquela jóia que a terra abrigara por obra de suas mãos.
Sua gratidão ao destino, qual silenciosa prece, regou o vegetal que desabrochou, tornou-se pequenina plantinha e por algum tempo constituiu a única amizade daquele homem.
Foi embora.
Andou e andou.
Muito tempo depois, não se sabe quanto, por inexplicável ação atrativa invisível, o viajante de muitas viagens retornou àquela região e lembrando-se da plantinha, que agora já devia ser árvore adulta, buscou-a com o olhar, ao longo do horizonte.  Entre incrédulo e estupefato, viu que ali estavam dezenas, centenas, talvez milhares de mangueiras, derreadas de frutos, iguais àquele dos tempos idos.
Porém, uma árvore se destacava dentre as demais... no rumo Norte.
Quase que invadindo a propriedade, correu e abraçou a amiga do passado.
E, nessa atitude, foi surpreendido pelo administrador do pomar, que reconhecendo, após breve diálogo, naquele homem, o início e a causa primeira daquela próspera plantação, comovidamente abraçou-o, por sua vez, hospedando-o até o fim dos seus dias terrenos...

Assim, caro companheiro, toda vez que você passar por uma velha mangueira, lembre-se do testemunho celestial de inúmeras verdades que Jesus nos informou:
- o homem andarilho e só, somos todos nós, quando afastados do Evangelho acolhedor;
- o caminhão, veloz e carregado de bons frutos, é o próprio Evangelho, que vai a todas as partes, distribuindo alimento;
- a manga perdida, nada mais é do que aquele ato de fraternidade, de um bom cristão para um seu irmão desencaminhado;
- a planta que nasce é  símbolo de que a boa ação encontrou eco no íntimo da alma de quem a plantou;
- a multiplicidade de outras árvores e de incontáveis frutos, representa o maravilhoso efeito multiplicador da parábola que contabiliza retorno de 30,   60  e até 100 por   1;
- o homem voltar à origem é seqüência que a reencarnação bem explica e que a lógica não desmente;
- encontrar o senhor do pomar é ficar ao abrigo do Mestre Jesus, que, dúvidas não temos, é o Jardineiro de Deus.

Se você puder, plante, um dia desses, uma mangueira.
Pode acontecer que no futuro ela venha a lhe servir de amiga.
E mesmo que disso você não usufrua, ou nem mesmo fique sabendo se a mangueira cresceu, não se preocupe: toda vez que alguém lança uma boa semente na terra e dela trata com amor, a incumbência da germinação e proliferação passa a ser de Deus  -  e Deus nunca falha!

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(Mensagem do Espírito Josué, psicografia do médium Eurípedes Kühl, do livro Âncoras de Luz, 2003, Editora LEB  -  Edição esgotada) 
O livro "Âncoras de Luz" está em e-book grátis, neste mesmo blog, na seção "Livros"



                            

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